O susto do discurso vazio

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Na vida afetiva como na corporativa, uma coisa é certa: discurso vazio é igual a falso comprometimento. Talvez o oposto seja isso também. Falso discurso (discurso de mentirinha); zero de comprometimento.

O que eu chamo de discurso vazio é aquele que não se confirma nas atitudes. Nos relacionamentos amorosos isso é muito comum. Um pomposo discurso para casar e decisões práticas muito individuais, ou individualistas, melhor dizendo, do tipo cada um salva a sua própria pele.

Lideranças de todos os níveis têm grande dificuldade de trazer o discurso para o centro das mãos. Ou seja, da ação. O discurso parece mesmo o da Arca de Noé, com filme agora em cartaz, que abraça todos para tornar o projeto possível de reconstrução de um mundo novo. Mas na prática, as ações são de pequenos tiranos ditadores. O pior é quando acreditamos no tal do discurso vazio. É um tombo sem fim. E aqui não preciso nem citar o grande nome que todos conhecemos e que sempre nos serve de referência, como jogar uma grande lupa sobre o tema, que tinha um discurso impecável, capaz de ganhar mais seguidores que uma promoção da Copa do Mundo no facebook. Mas que no fundo entorpeceu, corrompeu e massacrou a todos e muitas gerações.

Eu costumo dizer que quando vejo lideres acreditando mais no discurso, que nos seus posicionamentos, ou práticas, eles estão a um curto passo para se tornarem cegos. Lógico que o discurso tem seu valor, poder e força. Em geral as grandes mudanças se dão a partir do discurso. O único problema é quando essas duas vertentes não se encontram, ou não convergem. Não se falam.

Nas corporações é fácil ver isso. Muita gente falando de diversidade, de autonomia decisória, de responsabilidade assumida, mas quando um funcionário toma para si essa tarefa, fere todas as hierarquias. Ou seja, nada de querer ser “independente” na empresa. Você é pago para baixar a cabeça, dizer amém ao certo e ao errado e se calar.

Então, eu te pergunto, quem está tentando se encanar ai? Quem está perdendo completamente a visão? Quem nunca desenvolveu a questão em profundidade? Ou seja, no fim das contas vamos perceber que estamos convivendo com psicopatas corporativos. Cada um defende o seu. E se for só isso está bom. Mas tem ainda um bando de profissionais que não desenvolveram a sua espiritualidade a ponto de perceber que sua missão é maior que toda essa mesquinhez do cotidiano. Que ele tem de se afastar um pouquinho do ego. A missão dele é muito maior que isso. É mesmo de montar uma verdadeira Arca, como se deve. Enquanto isso, nós rezamos o Pai Nosso! para nos livrar desses males que nos rondam pelos corredores corporativos. Amém! (por Marisa Torres)